Outro dia, falei mal do filme “Um
presente para Helen” (2004), estrelado por Kate
Hudson, porque achei que ele apresenta uma solução ruim para a relação
maternidade e trabalho. Comparei o filme ao “Presente de Grego” (1987),
estrelado por Diane Keaton, e me indignei (levemente...) com o fato de quase 30
anos terem se passado e o cinema americano ainda insistir em que, depois dos
filhos (que, em ambos os casos, assomaram à porta das personagens via
tragédia), restava a elas fazer geleia ou trabalhar em uma revendedora de
carros. Nada contra, afinal, eu adoro geleias, gosto menos de carros, mas... as
personagens não “tiveram” escolha.
Isso me levou a
refletir sobre um gênero de filmes de que eu gosto muito – as comédias
românticas. Sim, eu gosto de comédias românticas. Sim, eu gosto de Meg Ryan...
Mas gosto MUITO mais de Andie MacDowell! Fiquei pensando em por que gosto
tanto de comédias românticas estreladas por ela.
Vou citar 3 exemplos que eu adoro rever: “Green Card – passaporte para o amor”
(1990), “Feitiço do tempo” (1993) e “Eu, minha mulher e minhas cópias” (1996).
Meu favorito? Eu ADORO os três e recentemente até achei um jeito de incluir o
2º, coestrelado por Bill Murray, no meu novo livro, escrito com Jelson
Oliveira, intitulado Diálogo sobre o
tempo. Eu gosto menos de “Quatro casamentos e um funeral” (1994)...
Andie MacDowell tem uma filmografia
vasta! Mas esses filmes dos anos 90 me dizem coisas mais interessantes que os
de Kate Hudson, meio oprimida pela carreira,
pelos filhos que não desejou e pelo homem que ama... O que é “Como perder um
homem em 10 dias” (2003)?! Urgh!
Em um dos filmes, Andie
cobiça um apartamento que pode lhe garantir continuar suas pesquisas na própria
casa. Está disposta até a se casar com um desconhecido para conseguir alugar o
imóvel. Está disposta a cometer um crime... Eu não disse que os filmes de Andie
MacDowell me ensinam coisas, atenção: os filmes não ensinam nada! Mas eles se
comunicam comigo. Esse casamento suspeito começa a ser investigado pelas
autoridades e ela se vê na necessidade de conviver com Gérard Depardieu, para
dar credibilidade à mentira de ambos. É claro que eles se apaixonam! É uma
comédia romântica! Andie é desestabilizada na sua zona de conforto, mas não
deixa de ser quem é. O amor amplia sua visão. Trata-se “Green Card – passaporte para o amor”. Detalhe: os apaixonados não ficam
exatamente juntos no final. Fazem uma promessa... Lágrimas no canto do olho...
Em outro filme,
tudo parecia levar à conclusão de que Andie seria o prêmio do
protagonista. Mas não é. Condenado a repetir o mesmo dia, o personagem de Bill Murray em “Feitiço do tempo” precisa melhorar a si
mesmo. Andie continua a mesma, é uma produtora de TV que gosta de
verdade do que faz e sua integridade é uma das coisas mais bacanas do filme! Eu
passo mal de tanto rir com esse filme. Às vezes, quando o vejo de madrugada,
tenho de sufocar minhas gargalhadas com o travesseiro para não acordar os
vizinhos!
Mas Andie também tem família,
filhos e um marido que está de saco cheio de suas responsabilidades... Ora,
quem não está de vez em quando? Ok, mas, para se livrar delas, ele não hesita
em fazer cópias de si mesmo a fim de aproveitar a vida! Bem, até agora, nenhum
de nós pode fazer isso... É o ponto de partida de “Eu,
minha mulher e minhas cópias”. A personagem de Andie permanece lá, com
as suas próprias responsabilidades e a frustração com um homem que ela ama, mas
que se revela incompatível. Atenção: homem este que ela tem inclusive coragem
de abandonar. O mais engraçado é que as 3 cópias têm um interdito dado pelo
original: JAMAIS fazer amor com a esposa deles (Andie)! Só o original
poderia... Mas alguém contou isso para ela?! Choro de rir...
Acho Hugh Grant chato demais,
hesitante demais... para Andie MacDowell em “Quatro
casamentos e um funeral”. Mas tudo bem, lá ela tem coragem de continuar
princesa, desprezando o castelo... Referência dupla: 1) intradiegética: ao
primeiro casamento da personagem no castelo do noivo e 2) ao detestável Shrek.
Fica com um homem meio fraco, mas todas temos nossas fraquezas...
Alguém pode me
dizer que, exceto no caso de “Green Card”, Andie não é bem a protagonista dos
filmes, enquanto Kate Hudson é, mas eu vou devolver a questão: o que fazem as
personagens de Hudson com seu protagonismo? Dá para ser protagonista o tempo
todo? Dá para ser em algum momento?! O certo é que as mulheres que Andie são o
que são e, em um mundo em que todo mundo quer meter o bedelho no que as
mulheres podem ou não fazer, suas escolhas são mais autênticas.
As mulheres de Andie fazem
bobagem, apaixonam-se (por homens cheios de defeitos) e não mudam de
identidade! Continuam a ser botânicas, alegres, generosas, egoístas, mães,
produtoras de TV e lindas! O que são os cachos castanhos e a boca de Andie
MacDowell!? Desculpe, meninos, mas, no novo século, o corpo impúbere de Kate Hudson não chega aos pés da exuberância de uma mulher
de verdade, ou seria de ficção?!
Phiiiillll..... Tbm já perdi as contas de qtas vezes assisti Feitiço do tempo. Quisera termos uma vez na vida a insistência do destino em nos fazer fazer o certo. Eu tbm sou fã de Andie, com seus cachos que eu copio e aquele sorriso com os olhos.
ResponderExcluirQue legal!
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