quinta-feira, 30 de julho de 2015
quarta-feira, 29 de julho de 2015
Alucinando na esteira ou suando com ironia! - crônica
Cinco vezes por semana,
eu vou caminhando e cantando, seguindo a
canção, sobre a esteira. Mas, de vez em quando, teimo em ver... e ligo a
TV. No comercial da LUPO de Dia dos Pais, estrelado por Neimar (é assim que se
escreve?), eu fui informada de que as cuecas da marca foram suas ótimas companhias
em grandes eventos, mas não no mais importante. Uma piscadela e um abraço ao
filho... Lupo e o Ministério da Saúde, tudo a ver! No Jornal da Cultura, eu quase chorei com a lamentação sobre a prisão
do cientista almirante... gente como a
gente?! Já saindo da esteira, fiquei com medo de o procurador Dallagnol
aparecer lá na minha paróquia Santo Antônio para palestrar sobre... teologia!? Sei
que esteve com os irmãos evangélicos em sua igreja palestrando sobre... Lava-Jato?!
Uma das chamadas internéticas de sua ação empregava a palavra cruzada... Ou a Idade Média me persegue
até nos prazeres vãos ou devo me livrar da TV.
sábado, 25 de julho de 2015
Feliz dia do escritor!
Ontem, eu revi o filme Mais estranho que a ficção.
Já vi umas 15 vezes e esta semana umas 3... Um dia, um auditor da receita
começa a ouvir vozes. Não, não se trata de Santa Catarina! Filme errado...
rsrsrs O que a voz faz? Narra! Ele procura ajuda. Um psiquiatra? Sim, mas quem
o (des)ajuda mesmo é um professor de literatura. Este lhe prepara um
questionário cujas perguntas me levam às lágrimas, de tanto rir: "1.
Recentemente, alguém lhe deixou um presente à porta? Um cavalo de madeira? 2.
Você é rei de alguma coisa? 3. Alguma parte de seu corpo já pertenceu a outra
pessoa? e por aí vai... ADORO! No final (todo mundo sabe que eu adoro saber
e... contar!), o que um personagem estaria disposto a sacrificar pelo texto? E o autor?
O filme é uma delícia para quem ama escrever, para
quem entende a necessidade das “pesquisas” de um autor e para quem lê! Ótima pedida
para a noite do escritor!
sexta-feira, 24 de julho de 2015
Sobre o livro A Doença do Islã de Abdelwahab Meddeb - palpite
Uma das melhores coisas das redes
sociais é a navegação pelo gosto literário dos outros. Eu tenho muito a
agradecer a leitores sensíveis com quem convivo, sobretudo, no ambiente
virtual. A Doença do Islã foi uma
sugestão da elegante timeline de
Carlile Lanzieri Júnior. Trata-se de um livro necessário. Publicado em 2003 e
logo traduzido para o português, faz um grande esforço (e exitoso) para separar
tudo o que a “hiper” realidade imagética/imaginária tem deixado confundido na
nossa vida a respeito o Islã. Abdelwahab Meddeb desembaralha a meada. O texto
nos provoca a pensar sobre o desastre que “semiletrados” disseminam com a sua
precariedade interpretativa e especulativa (e eu avançaria para além do Islã); sobre
a espetacularização do terrorismo, como consequência da americanização do mundo
(ironia pensar na absorção da técnica do inimigo declarado); no afastamento
vivido pelo Islã, desde o século XVII, da ciência (mas não da técnica); no
orientalismo; no movimento feminista egípcio; na questão do véu... Mas queria
destacar coisas de maior impacto para mim, de forma absolutamente pessoal: a
genealogia do wahhabismo, o integrismo, seus vínculos políticos e o
ressentimento (esse grande e triste tema). Abdelwahab Meddeb reconhece a luz do
pensamento medieval e mostra o quanto os resgates dos péssimos leitores da
época moderna e contemporânea favoreceram o injustificável – o terrorismo. Vai
de Hanbal, no século IX, a Taymiyya, no XIV, a Al-Wahhâb, já no século XVIII,
inferior a todos os precedentes...
Mas eu, que sou uma historiadora
dos textos, que os pesquiso e me deleito com eles, confesso que adorei a
elegância particular do autor no modo como busca a letra e desmascara
etimologias. Gostei do seu aproveitamento do dionisíaco e do apolíneo para a
poesia e para a política (pág. 54) e achei tão bonita essa questão que vou
compartilhar: “Por trás de quais bastidores do recalque o Islã se abrigou para
esquecer que, para seus doutores medievais, o amor se fazia em nome de Deus não
somente para procriar, mas também para gozar?” (pág. 98)
Em várias margens da minha edição,
anotei isis... O livro faz pensar no
seu futuro, nosso presente e deve ser lido já, afinal "o tempo é um revelador que faz justiça àqueles que guardaram sua
lucidez na exceção e na solidão" (pág. 133.
quinta-feira, 23 de julho de 2015
Minhas regras - crônica
- Filha, o que você está fazendo em pé na cama?
- Pai, minha cama, minhas regras.
Sentiu
o chão desaparecer. Abraçou-se ao travesseiro como a um paraquedas que não vai
abrir... e viu a filha no meio da Praça de São Pedro no Vaticano, nua da
cintura para cima, com palavras de ordem pintadas no corpo; viu quando a
polícia chegou e dispersou seu grupo; viu-a, bem como as amiguinhas do colégio,
rindo depois de uma corrida desenfreada; viu-a pintando com seus lápis de cor preferidos
a mulher nua na praça do homem nu, no coração da cidade em que nasceu. Enquanto
caía, viu ainda a filha em maio de 68, berrando em Nanterre; viu-a machucada,
mas de pé; viu-a tirar o véu depois de ler Qâsim Amîn; viu abraçar-se à Hoda
Shrawi e pedir a palavra no Cairo, em 1944. Viu-a no primeiro beijo roubado por
ela. Viu-a aceitar o abraço de um homem apaixonado às lágrimas... Viu o chão
cada vez mais perto e, quando ia bater com a cara no chão, sentiu uma pequena mão
salvá-lo pela camisa do pijama.
- Pai, faz meu café da
manhã?
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