segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Um clube do livro em Marechal Cândido Rondon - relato de experiência

Prólogo meu:
Eu sonho com um mundo em que a gente se encontre mais para falar sobre livros. Sonho com reuniões familiares sem cobranças ou evocações das piores memórias, mal temperadas com a superioridade do que se viveu de melhor, para falar de poesia! Sonho com reuniões de amigos, com vinho e palavras, e que a embriaguez seja a das palavras para que juntos continuemos a sentir todos os gostos. Sonho em me sentar com as pessoas favoritas, sejam elas aquelas com quem por acaso compartilho o DNA, sejam as que juro que se um dia a medicina for exata vai descobrir que o parentesco é de fato afetividade, para trocar opiniões sobre vidas que vivemos quase mais intensamente porque as lemos.
É porque animo um clube do livro e já escrevi nesse blog alguns textos sobre essa experiência, que pedi a uma amiga para escrever sobre o clube de que ela participa, na tentativa de animar ainda mais gente a ser íntimo de personagens e a querer se reunir com pessoas especiais para trocar essas intimidades!...

Nosso Clube de Leitura

M. Petit afirma que: “Fenômeno antigo, muito presente no mundo anglo-saxônico no século XIX, os clubes de leitura tiveram, durante algum tempo, uma imagem obsoleta. Interessavam pouco aos pesquisadores, com raras exceções. A partir dos anos 1990, contudo, eles se multiplicaram em vários países e havia centenas, milhares, na Inglaterra, e outros milhares nos Estados Unidos. Hoje são atores influentes com os quais as edições e o comércio do livro devem contar. Longe de frear o seu progresso, o uso da internet o ajudou. Nos países de língua inglesa, esses clubes reúnem muito mais mulheres do que homens; dois terços delas têm mais de quarenta anos e, na maioria das vezes, fizeram curso superior. Reúnem-se em diferentes lugares, privados e às vezes públicos, especialmente em bibliotecas”. (Petit, M. A arte de ler ou como resistir à adversidade. São Paulo: Editora 34, 2009 p.61).
O ano de 2015 foi um momento de importantes aprendizados em relação a minha vida pessoal e profissional. Estava terminando minha tese de doutorado em História Medieval, e ao mesmo tempo lecionava, em diferentes instituições, História da Literatura, História do Cinema e História da Arte. Temas, aliás, que adoro em todos os sentidos. No preparo de uma dessas aulas, acabei assistindo ao filme “O Clube de Leitura de Jane Austen”, e não deixei de ficar empolgada com a ideia de, um dia, tentar organizar ou fazer parte de um clube da leitura. Me interessava a ideia de poder conversar sobre obras que havia lido recentemente; obras, preciso destacar, que especialmente  consideravam questões relacionadas ao universo feminino, aos sentimentos que todas nós compartilhamos. Jane Austen, Tolstoi, Balzac... São apenas alguns dos autores que me fascinavam. Essa motivação se deve, em parte, às importantes presenças femininas que tive em minha vida. Mulheres que, sem dúvida, foram grandes inspirações para o que me tornei hoje! Na minha família, tive a importante presença de minha avó, Anna, ao longo de minha infância. Ela, justamente com minha mãe, Ana, superaram as dificuldades e sozinhas cuidaram de minha formação, sempre com muito carinho. Hoje, mesmo “crescida”, ganhei os cuidados de uma segunda mãe, Aldeci, irmãs, Cinthia e Viviane, todas de coração. Minhas amigas de Universidade, Janira, Ana Paula, Ana Luiza, também não podem ser esquecidas, pois com o apoio delas também superei as dificuldades da formação superior. E claro, minhas queridas professoras, Marcella e Fátima, são como exemplos em todos os sentidos, para sempre. Sou, graças a Deus, cercada por mulheres de bom coração! Diferentes entre si, mas cada uma especial ao seu modo.
Bom, por motivos de trabalho, acabei saindo de Curitiba ao final de 2015, indo morar com o meu esposo em uma pequena cidade do interior do Paraná, Marechal Cândido Rondon. Não esperava que fosse tão bem recebida, por novos amigos e amigas. Novas mulheres, portanto, entraram na minha vida! Inicialmente conheci a Fran, que me recepcionou com muito carinho nesta nova etapa da minha vida. Pouco tempo depois, tive a alegria de conhecer a Micheli.  E nosso grupo de amigas foi aumentando, com a chegada das queridas Luciélen e Natania, esta última recentemente. Cada uma de nós possui atividades profissionais diferentes e temos nossas próprias experiências como mulheres no cotidiano. Então, foi no começo de 2016 que lancei a proposta de um clube do livro, dentro de uma conversa informal com a Fran, a Micheli e a Luciélen. Contei um pouco das minhas experiências com leituras relacionadas ao feminino, e todas toparam participar! Nossa dinâmica é a seguinte: cada mulher sugere um livro que gostaria de debater, dentro do tema relacionado ao feminino. Cada encontro é realizado em uma casa diferente, e aproveitamos o momento para conversar e assistir a algum filme relacionado à leitura que realizamos. Dentre as leituras que já realizamos, temos “As mulheres que correm com os lobos”, de Clarissa Pinkola Estés, e “Minha Vida na França”, de Julia Child. Percorremos ainda os caminhos de “Budapeste”, de Chico Buarque; “Emma”, de Jane Austen; “Tomates Verdes Fritos”, de Fannie Flag; as poesias de Fabrício Carpinejar; “O Físico”, de Noah Gordon; o relato autobiográfico de “Malala”; “Último Catão”, de Matilde Asensi; “Americanah”, de Chimamanda Ngozi Adichie; “O Conto da Aia”, de Margaret Atwood; e “Como ser Mulher”, de Caitlin Moran. A nossa lista continuará a crescer, com certeza! Reafirmo que a oportunidade de estar em um clube do livro é enriquecedora, e cada vez mais sinto que estamos trilhando um caminho de aprendizado. Espero, também, que este meu sucinto relato sirva de inspiração para que novos clubes do livro surjam, contribuindo para a discussão de antigas e novas questões, sobre a vida e o nosso mundo, entre familiares e amigos. A literatura, como sempre, despertando os nossos sentidos e emoções, o espírito dentro de cada um de nós. Por fim, agradeço às meninas com quem compartilho essa experiência, Fran, Mi, Lu e Natania, por todas as nossas conversas e por nossa feliz amizade. 
Eu Amo todas as mulheres de minha vida!

Elaine Cristina Senko
Marechal Cândido Rondon, 20 de julho de 2016

Epílogo meu:

Quem é Elaine Cristina Senko?

Elaine Cristina Senko é formada em História (UFPR), Mestra em História (UFPR) e Doutora em História (UFPR). Conheço seu CV muito bem, afinal estive com ela em todas essas titulações, na condição de orientadora. Em todos esses anos, vivi a minha condição mais com amizade que com rigor, pois o rigor dela bastava para nós duas! Elaine me acostumou mal, suas grandes virtudes ditaram em boa parte o que eu espero dos meus orientandos..., ou seja, ela me educou! Um dia, deixou Curitiba e foi para Marechal Cândido Rondon (PR). Está feliz da vida lá! Parte dessa felicidade tem a ver com o fato de rapidamente ter se encontrado no trabalho e com novos amigos. Pois não é que, curiosa e interessada, ela se envolveu em um clube do livro?! Quando eu descobri, pedi a ela que escrevesse sobre a experiência. Ela não perdeu a prática de me acostumar mal, entregou o texto antes do prazo que lhe dei e ainda por cima no DIA DO AMIGO!

Quem quiser dar uma olhada nas coisas interessantes que ela já escreveu, visite:

Elaine também é blogueira: http://profelainesenko.blogspot.com.br/


6 comentários:

  1. Que texto bacana! Obrigada, querida Elaine, por nos proporcionar essa experiência.

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    1. É um prazer dividir essa experiência com todas vocês! Obrigado Mi!

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  2. Gratidão pelo carinhoso convite da minha amiga amada Marcella!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Como sempre Elaine querida compartilhando suas experiências e sabedoria. Serei sempre grata por tamanha generosidade...

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  5. Querida Amanda obrigado por suas lindas palavras! Conte comigo sempre!

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