Prólogo meu:
Eu sonho com um mundo em que a gente se encontre
mais para falar sobre livros. Sonho com reuniões familiares sem cobranças ou evocações
das piores memórias, mal temperadas com a superioridade do que se viveu de
melhor, para falar de poesia! Sonho com reuniões de amigos, com vinho e
palavras, e que a embriaguez seja a das palavras para que juntos continuemos a
sentir todos os gostos. Sonho em me sentar com as pessoas favoritas, sejam elas
aquelas com quem por acaso compartilho o DNA, sejam as que juro que se um dia a
medicina for exata vai descobrir que o parentesco é de fato afetividade, para
trocar opiniões sobre vidas que vivemos quase mais intensamente porque as lemos.
É porque animo um clube do livro e já escrevi nesse
blog alguns textos sobre essa experiência, que pedi a uma amiga para escrever
sobre o clube de que ela participa, na tentativa de animar ainda mais gente a
ser íntimo de personagens e a querer se reunir com pessoas especiais para
trocar essas intimidades!...
Nosso Clube de Leitura
M. Petit afirma que: “Fenômeno
antigo, muito presente no mundo anglo-saxônico no século XIX, os clubes de
leitura tiveram, durante algum tempo, uma imagem obsoleta. Interessavam pouco
aos pesquisadores, com raras exceções. A partir dos anos 1990, contudo, eles se
multiplicaram em vários países e havia centenas, milhares, na Inglaterra, e
outros milhares nos Estados Unidos. Hoje são atores influentes com os quais as
edições e o comércio do livro devem contar. Longe de frear o seu progresso, o
uso da internet o ajudou. Nos países de língua inglesa, esses clubes reúnem
muito mais mulheres do que homens; dois terços delas têm mais de quarenta anos
e, na maioria das vezes, fizeram curso superior. Reúnem-se em diferentes
lugares, privados e às vezes públicos, especialmente em bibliotecas”. (Petit,
M. A arte de ler ou como resistir à
adversidade. São Paulo: Editora 34, 2009 p.61).
O ano de 2015 foi um momento de
importantes aprendizados em relação a minha vida pessoal e profissional. Estava
terminando minha tese de doutorado em História Medieval, e ao mesmo tempo
lecionava, em diferentes instituições, História da Literatura, História do
Cinema e História da Arte. Temas, aliás, que adoro em todos os sentidos. No
preparo de uma dessas aulas, acabei assistindo ao filme “O Clube de Leitura de
Jane Austen”, e não deixei de ficar empolgada com a ideia de, um dia, tentar
organizar ou fazer parte de um clube da leitura. Me interessava a ideia de
poder conversar sobre obras que havia lido recentemente; obras, preciso destacar,
que especialmente consideravam questões
relacionadas ao universo feminino, aos sentimentos que todas nós
compartilhamos. Jane Austen, Tolstoi, Balzac... São apenas alguns dos autores
que me fascinavam. Essa motivação se deve, em parte, às importantes presenças
femininas que tive em minha vida. Mulheres que, sem dúvida, foram grandes
inspirações para o que me tornei hoje! Na minha família, tive a importante
presença de minha avó, Anna, ao longo de minha infância. Ela, justamente com
minha mãe, Ana, superaram as dificuldades e sozinhas cuidaram de minha
formação, sempre com muito carinho. Hoje, mesmo “crescida”, ganhei os cuidados
de uma segunda mãe, Aldeci, irmãs, Cinthia e Viviane, todas de coração. Minhas
amigas de Universidade, Janira, Ana Paula, Ana Luiza, também não podem ser
esquecidas, pois com o apoio delas também superei as dificuldades da formação
superior. E claro, minhas queridas professoras, Marcella e Fátima, são como
exemplos em todos os sentidos, para sempre. Sou, graças a Deus, cercada por
mulheres de bom coração! Diferentes entre si, mas cada uma especial ao seu
modo.
Bom, por motivos de trabalho,
acabei saindo de Curitiba ao final de 2015, indo morar com o meu esposo em uma
pequena cidade do interior do Paraná, Marechal Cândido Rondon. Não esperava que
fosse tão bem recebida, por novos amigos e amigas. Novas mulheres, portanto,
entraram na minha vida! Inicialmente conheci a Fran, que me recepcionou com
muito carinho nesta nova etapa da minha vida. Pouco tempo depois, tive a alegria
de conhecer a Micheli. E nosso grupo de
amigas foi aumentando, com a chegada das queridas Luciélen e Natania, esta
última recentemente. Cada uma de nós possui
atividades profissionais diferentes e temos nossas próprias experiências como
mulheres no cotidiano. Então, foi no começo de 2016 que lancei a
proposta de um clube do livro, dentro de uma conversa informal com a Fran, a
Micheli e a Luciélen. Contei um pouco das minhas experiências com leituras
relacionadas ao feminino, e todas toparam participar! Nossa dinâmica é a
seguinte: cada mulher sugere um livro que gostaria de debater, dentro do tema
relacionado ao feminino. Cada encontro é realizado em uma casa diferente, e
aproveitamos o momento para conversar e assistir a algum filme relacionado à
leitura que realizamos. Dentre as leituras que já realizamos, temos “As
mulheres que correm com os lobos”, de Clarissa Pinkola Estés, e “Minha Vida na
França”, de Julia Child. Percorremos ainda os caminhos de “Budapeste”, de Chico
Buarque; “Emma”, de Jane Austen; “Tomates Verdes Fritos”, de Fannie Flag; as
poesias de Fabrício Carpinejar; “O Físico”, de Noah Gordon; o relato
autobiográfico de “Malala”; “Último Catão”, de Matilde
Asensi; “Americanah”, de Chimamanda Ngozi Adichie; “O Conto da Aia”, de
Margaret Atwood; e “Como ser Mulher”, de Caitlin Moran. A nossa lista
continuará a crescer, com certeza! Reafirmo que a oportunidade de estar em um
clube do livro é enriquecedora, e cada vez mais sinto que estamos trilhando um
caminho de aprendizado. Espero, também, que este meu sucinto relato sirva de
inspiração para que novos clubes do livro surjam, contribuindo para a discussão
de antigas e novas questões, sobre a vida e o nosso mundo, entre familiares e
amigos. A literatura, como sempre, despertando os nossos sentidos e emoções, o
espírito dentro de cada um de nós. Por fim, agradeço às meninas com quem
compartilho essa experiência, Fran, Mi, Lu e Natania, por todas as nossas
conversas e por nossa feliz amizade.
Eu Amo todas
as mulheres de minha vida!
Elaine Cristina Senko
Marechal Cândido Rondon, 20 de julho de 2016
Epílogo meu:
Quem
é Elaine Cristina Senko?
Elaine Cristina Senko é formada em História
(UFPR), Mestra em História (UFPR) e Doutora em História (UFPR). Conheço seu CV muito bem, afinal estive com ela em
todas essas titulações, na condição de orientadora. Em todos esses anos, vivi a
minha condição mais com amizade que com rigor, pois o rigor dela bastava para
nós duas! Elaine me acostumou mal, suas grandes virtudes ditaram em boa parte o
que eu espero dos meus orientandos..., ou seja, ela me educou! Um dia, deixou
Curitiba e foi para Marechal Cândido Rondon (PR). Está feliz da vida lá! Parte
dessa felicidade tem a ver com o fato de rapidamente ter se encontrado no
trabalho e com novos amigos. Pois não é que, curiosa e interessada, ela se
envolveu em um clube do livro?! Quando eu descobri, pedi a ela que escrevesse
sobre a experiência. Ela não perdeu a prática de me acostumar mal, entregou o
texto antes do prazo que lhe dei e ainda por cima no DIA DO AMIGO!
Quem
quiser dar uma olhada nas coisas interessantes que ela já escreveu, visite:
Que texto bacana! Obrigada, querida Elaine, por nos proporcionar essa experiência.
ResponderExcluirÉ um prazer dividir essa experiência com todas vocês! Obrigado Mi!
ExcluirGratidão pelo carinhoso convite da minha amiga amada Marcella!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirComo sempre Elaine querida compartilhando suas experiências e sabedoria. Serei sempre grata por tamanha generosidade...
ResponderExcluirQuerida Amanda obrigado por suas lindas palavras! Conte comigo sempre!
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