domingo, 27 de setembro de 2015

27 de setembro, dia de SÃO COSME E SÃO DAMIÃO, memória mais festiva da minha infância!

27 de setembro, dia de SÃO COSME E SÃO DAMIÃO, memória mais festiva da minha infância! Dia de fazer fila organizada na casa de quem distribuiu cartões; dia de se acotovelar na frente de portão “suspeito” de distribuição; dia de não se intimidar frente aos grandes; dia de correr; dia de entrar em casa desconhecida sem a mãe brigar, com grandes mesas convidativas, de gente feliz que veste branco; de ganhar de graça, afinal há a família, os vizinhos!!! Dia de dividir os doces em bacias, contar balas, maria-moles, pés-de-moleque, cocôs de rato (só quem conhece a festa vai entender que isso é doce!)...
Quando eu vim morar em Ctba, tentei dar doces, afinal já tinha casa com portão, mas o Luiz me desanimou: - Amor, aqui não vai funcionar... e a nossa filha jamais correria atrás de doces..., pelo menos até o ano passado!!!!! Isso porque, em 2014, a família do Luiz organizou uma grande festa nessa data. Eles tiveram suas justificativas, mas acho mesmo que a maior foi a grande saudade que sentiam uns dos outros, uma vontade de chegar mais perto, de apresentar as crianças e escolheram essa festa para driblar a agenda antipática que nos afasta de quem amamos.
Em 2014, CLARA descobriu COSME E DAMIÃO! Publiquei no FB um álbum da nossa maravilha. Dois detalhes para comprovar que ela se esbaldou: teve de tomar banho na festa e a meia que usava não teve salvação, foi direto para o lixo.
Sei que hoje tem gente que tinge o dia com intolerância, armada de mil justificativas. Ora, se palavras de alegria não limpam o encardido do peito, elas são a forma mais eficaz de acordar as belas lembranças: - “Lembra quando a gente...” Hoje, nesse domingo cinzento aqui e solar pela doçura de uma data que sempre foi para mim o verdadeiro dia da criança, eu espero a filha acordar para lhe dizer: “Filha, lembra ano passado do COSME E DAMIÃO?”



terça-feira, 22 de setembro de 2015

Por que adoro Andie MacDowell!?! Sobre comédias românticas ou pequeno guia de locadora - palpite

Outro dia, falei mal do filme “Um presente para Helen” (2004), estrelado por Kate Hudson, porque achei que ele apresenta uma solução ruim para a relação maternidade e trabalho. Comparei o filme ao “Presente de Grego” (1987), estrelado por Diane Keaton, e me indignei (levemente...) com o fato de quase 30 anos terem se passado e o cinema americano ainda insistir em que, depois dos filhos (que, em ambos os casos, assomaram à porta das personagens via tragédia), restava a elas fazer geleia ou trabalhar em uma revendedora de carros. Nada contra, afinal, eu adoro geleias, gosto menos de carros, mas... as personagens não “tiveram” escolha.
Isso me levou a refletir sobre um gênero de filmes de que eu gosto muito – as comédias românticas. Sim, eu gosto de comédias românticas. Sim, eu gosto de Meg Ryan... Mas gosto MUITO mais de Andie MacDowell! Fiquei pensando em por que gosto tanto de comédias românticas estreladas por ela. Vou citar 3 exemplos que eu adoro rever: “Green Card – passaporte para o amor” (1990), “Feitiço do tempo” (1993) e “Eu, minha mulher e minhas cópias” (1996). Meu favorito? Eu ADORO os três e recentemente até achei um jeito de incluir o 2º, coestrelado por Bill Murray, no meu novo livro, escrito com Jelson Oliveira, intitulado Diálogo sobre o tempo. Eu gosto menos de “Quatro casamentos e um funeral” (1994)...
Andie MacDowell tem uma filmografia vasta! Mas esses filmes dos anos 90 me dizem coisas mais interessantes que os de Kate Hudson, meio oprimida pela carreira, pelos filhos que não desejou e pelo homem que ama... O que é “Como perder um homem em 10 dias” (2003)?! Urgh!
Em um dos filmes, Andie cobiça um apartamento que pode lhe garantir continuar suas pesquisas na própria casa. Está disposta até a se casar com um desconhecido para conseguir alugar o imóvel. Está disposta a cometer um crime... Eu não disse que os filmes de Andie MacDowell me ensinam coisas, atenção: os filmes não ensinam nada! Mas eles se comunicam comigo. Esse casamento suspeito começa a ser investigado pelas autoridades e ela se vê na necessidade de conviver com Gérard Depardieu, para dar credibilidade à mentira de ambos. É claro que eles se apaixonam! É uma comédia romântica! Andie é desestabilizada na sua zona de conforto, mas não deixa de ser quem é. O amor amplia sua visão. Trata-se “Green Card – passaporte para o amor”. Detalhe: os apaixonados não ficam exatamente juntos no final. Fazem uma promessa... Lágrimas no canto do olho...
Em outro filme, tudo parecia levar à conclusão de que Andie seria o prêmio do protagonista. Mas não é. Condenado a repetir o mesmo dia, o personagem de Bill Murray em “Feitiço do tempo” precisa melhorar a si mesmo. Andie continua a mesma, é uma produtora de TV que gosta de verdade do que faz e sua integridade é uma das coisas mais bacanas do filme! Eu passo mal de tanto rir com esse filme. Às vezes, quando o vejo de madrugada, tenho de sufocar minhas gargalhadas com o travesseiro para não acordar os vizinhos!
Mas Andie também tem família, filhos e um marido que está de saco cheio de suas responsabilidades... Ora, quem não está de vez em quando? Ok, mas, para se livrar delas, ele não hesita em fazer cópias de si mesmo a fim de aproveitar a vida! Bem, até agora, nenhum de nós pode fazer isso... É o ponto de partida de “Eu, minha mulher e minhas cópias”. A personagem de Andie permanece lá, com as suas próprias responsabilidades e a frustração com um homem que ela ama, mas que se revela incompatível. Atenção: homem este que ela tem inclusive coragem de abandonar. O mais engraçado é que as 3 cópias têm um interdito dado pelo original: JAMAIS fazer amor com a esposa deles (Andie)! Só o original poderia... Mas alguém contou isso para ela?! Choro de rir...
Acho Hugh Grant chato demais, hesitante demais... para Andie MacDowell em “Quatro casamentos e um funeral”. Mas tudo bem, lá ela tem coragem de continuar princesa, desprezando o castelo... Referência dupla: 1) intradiegética: ao primeiro casamento da personagem no castelo do noivo e 2) ao detestável Shrek. Fica com um homem meio fraco, mas todas temos nossas fraquezas...
Alguém pode me dizer que, exceto no caso de “Green Card”, Andie não é bem a protagonista dos filmes, enquanto Kate Hudson é, mas eu vou devolver a questão: o que fazem as personagens de Hudson com seu protagonismo? Dá para ser protagonista o tempo todo? Dá para ser em algum momento?! O certo é que as mulheres que Andie são o que são e, em um mundo em que todo mundo quer meter o bedelho no que as mulheres podem ou não fazer, suas escolhas são mais autênticas. 
As mulheres de Andie fazem bobagem, apaixonam-se (por homens cheios de defeitos) e não mudam de identidade! Continuam a ser botânicas, alegres, generosas, egoístas, mães, produtoras de TV e lindas! O que são os cachos castanhos e a boca de Andie MacDowell!? Desculpe, meninos, mas, no novo século, o corpo impúbere de Kate Hudson não chega aos pés da exuberância de uma mulher de verdade, ou seria de ficção?!


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Cochichos nas margens: sobre as anotações que fazemos em nossos livros - crônica da vida acadêmica

Eu não me lembro da primeira vez em que peguei um lápis com a intenção de conversar com o texto que eu lia. Sei que agora há lápis espalhados pela minha vida e, de vez em quando, eu acho alguns esquecidos dentro de livros que não terminei. Eu conheço gente que prefere canetas e coloridos marca-textos. Também conheço gente que tem repugnância pelo que acredita ser uma profanação do livro, investido de mana, força sobrenatural. Outro dia, surpreendi a minha filha com um lápis e um livro na mão. O lápis dançou pelos seus dedos, caiu no chão algumas vezes, mas não foi para a página. Talvez ela só repetisse meu gesto, talvez achasse que o lápis é um adereço de leitura. Um dia talvez, lápis e papel se beijem sob o olhar cúmplice de minha filha. 
Dou muito valor aos grifos e às anotações que faço nas margens e, quando tenho de apagá-los, com vergonha de emprestar a alguém um livro cheio da minha intimidade, eu sofro um bocado. Mas isso não quer dizer que todas as minhas anotações sejam motes para grandes pensamentos ou artigos. Eu já encontrei na página de um romance a lembrança de uma salada. A leitura não me entorpece, ela me acorda inteira e, não raro, quando leio, eu me lembro de coisas que fiz grande esforço para trazer à minha consciência antes daquela página!
Por que me lembrei de escrever sobre isso? Porque ganhei de presente, de um dos tradutores, Vinícius Nicastro Honesco, As Categorias Italianas (2014) de Giorgio Agamben. O livro já está tomado de intimidade, com exclamações, interrogações, grifos e anotações para mim mesma e para as pessoas de quem conheço bem o universo de pesquisa. Não é raro encontrar o nome de meus orientandos nas margens dos meus livros! No capítulo 5, “O ditado da poesia”, leio o nome de Ana Luíza Mendes.
No capítulo 11, “A festa do tesouro escondido”, Agamben examina as margens da Ética de Spinoza, em exemplar  que pertencera à escritora italiana Elsa Morante (1912-1985). Não é um livro trivial na biblioteca da autora de La Storia (1974), mas uma obra importante para ela: “não é motivo de surpresas, então, que o exemplar da Ética em questão contenha várias marcas marginais de Elsa, em forma de estrelas, linhas, pontos de interrogação e exclamação alternados e, por fim, em um único caso significativo, de uma anotação de leitura” (pág. 171). O texto de Agamben versa sobre esse comentário singular: a discordância entre Elsa e sua referência, a respeito de uma primazia do homem sobre os animais em geral. Antes que alguém aluda a uma pretensa bandeira ecológica sustentada por Elsa Morante, não que Agamben tenha alegado isso, embora eu tenha visto uma sugestão muito leve na expressão “nossa sensibilidade” (pág. 173), o filósofo sacode a identificação superficial.
Para Agamben, Elsa não pode concordar com o “direito maior” que os homens têm sobre os animais, porque estes testemunharam a “existência do paraíso terrestre” (pág. 175), estavam lá quando homem sucumbiu! Onde o filósofo vai buscar a sua certeza? Na própria obra de Elsa, obra esta em que, paradoxalmente, Spinoza goza de prestígio inaudito, subscrito com a consideração de um “tesouro escondido”. Agamben tem mais trabalho para compreender esse tesouro.
O filósofo percorre o repertório da autora, sua própria obra, os dilemas pessoais, combates, acertos de contas e o tempo que mora em Elsa e que a atravessa. Traz outros autores para atuarem sobre suas escolhas, “é o terrível preço que a mente deve pagar no momento em que atinge o ponto incandescente da certeza” (pág. 178), júbilo e luto (!), a “alquimia da luz”, solução do enigma do tesouro que, afinal, fez as pazes entre Elsa Morante e Spinoza.
Eu não saberia dizer se esse é o meu texto favorito ou o mais útil no momento em que estou. Leio no capítulo 7, “O ‘logos erchomenos’ de Andrea Zanzotto” a minha anotação: “de certa forma contém as ideias fortes da obra”. Há três asteriscos no início do capítulo 12, “O fim do poema”. O texto que contém mais grifos, exclamações e dúvidas é o primeiro, intitulado “Comédia”, sobre Dante, onipresente nas Categorias Italianas. Se alguém lembrar de ofertar esse meu exemplar a uma pessoa que eu amo, depois que eu morrer, é possível que ela ache que eu comecei com toda a energia a leitura; ou que estava muito interessada em ler Dante outra vez.
O certo é que, a partir de uma única frase na margem de um livro amado, quase um sussurro..., alguém esclareceu um enigma e isso me emocionou. Nas margens dos nossos livros, mora uma história da leitura privada, toda feita de caos! Vejo um desenho indecifrável da minha filha na margem de uma obra lida nas férias; reencontro a receita de salada; surpreendo-me com um telefone de médico; vejo a proposta de um artigo que não escrevi e que talvez fosse útil a alguém; em outra página, percebo que aproveitei bem uma deixa; leio um velho poema; sorrio para uma carta de amor jamais passada a limpo.
Escrever nas margens é, portanto, uma mania que eu e Elsa Morante aprovamos! Mas como fazer com as obras que não nos pertencem, por exemplo, as obras das bibliotecas públicas? Podemos colar post its nas páginas importantes e fazer pequenas anotações nessas folhinhas, como 2/2, para significar que, no 2º parágrafo, 2º período, há um trecho importante para nós. Claro que é preciso reter o que é relevante antes de devolver e, para isso, existem cadernetas e computadores. Alguém vai me lembrar que vive pegando livros cheios de anotações em bibliotecas e eu vou responder que isso não é só desrespeito, é um ato de perversão.
Já os livros que compramos nos sebos eventualmente trazem a história da leitura de uma pessoa que um dia passou adiante, por livre e espontânea vontade ou não, aquela obra. Eu conservo as dedicatórias desses livros com passado, respeito religiosamente os grifos e anotações do outro ou da outra e até uso nova cor para que aquele corpo sinta a minha diferença. Os livros usados – tanto aqueles que pego emprestado quanto os que eu posso adquirir – lembram-me que eu também tenho passado. Os livros que tenho de devolver deixam em mim a sua presença, sua alma, se quiserem. Eles sempre sofrem com o meu toque, com o apertado da mochila, com minhas mãos suadas..., não precisam das feridas do meu lápis. Não pode ser de amor o toque que não foi consentido.

O engraçado é que tenho livros muito importantes para mim que não têm um único grifo. Não há grifos nas margens das minhas duas edições de Os Irmãos Karamázov e todo mundo sabe que ele é meu I Ching... Não há asteriscos na minha edição de Grande Sertão: Veredas! Mas eu me localizo bem nessas páginas. Os grifos e anotações são mapas de leitura e, às vezes, deliberadamente, a gente só quer se perder e não deixar rastro.


Foto: Pág. 275 de Um quarto com vista de E.M. Forster (São Paulo: Globo, 2006).

domingo, 6 de setembro de 2015

Passeio - conto

Gostou de ter abandonado a esteira. É bom quando nossos passos nos levam a algum lugar. Livrou-se do casaco, confiante no calor que ia brotar de si. Foi. Passou pela velha casa cinza e percebeu que a samambaia fora podada; a casa amarela tinha uma cadeira nova na varanda; engolida por heras, a casa de janelas e portas verde musgo enjoava das revistas que se acumulavam na porta. Quando alguém voltar, lembrado finalmente de que esquecera de cancelar as assinaturas,  curioso das voltas que o mundo deu (!), é capaz de expulsar para sempre a possibilidade da memória.

Passou pela linha do trem devagar.  Dobrou a esquina e viu a lata tombada. No meio do lixo que ganhava toda a calçada, viu a rosa ainda enrolada no celofane. Não estava ressequida. Podia ainda enfeitar um altar, a mesa de cabeceira de alguém apaixonado e um aparador de vó. Ficou imaginando a violência de um perdão negado; a decepção diante de um presente que ia morrer, só porque alguém lembrou de matar; um velório esquecido. Sentiu pena da rosa, ilhada pelo mau cheiro, pelo imprestável misturado no que ainda servia; teve nojo do descaso dos outros. A rosa no meio, espalhando a sua beleza inútil.  

Quando assomou a própria rua, ficou pensando que ainda tinha a grande ladeira para vencer. No ápice, o coração a avisar de que estava prestes a perder o fôlego. Adorava aquela sensação de que, mais um pouco, era capaz de morrer. Lembrou-se da rosa. Poderia tê-la resgatado do perdão negado! A decisão chegou atrasada, ela já estava longe. Perto de casa, um passarinho morto, a rosa novamente. A coragem atrasada. Poderia voltar e atravessar a braçadas as fraldas sujas, os restos de comida, o cocô de cachorro, o papel picado e salvar a beleza dela, a vida que, entretanto, sabia perdida, amputada da raiz, mas ainda linda!


O céu avisou que eram horas de buscar abrigo e, entre atrasada e covarde, virou a chave e entrou depressa. Colou-se à porta e olhou pelo olho mágico a parte de si que ficou na chuva. 

sábado, 5 de setembro de 2015

Aforismos de meia tigela

1. O hermetismo é a máscara dos medíocres.
2. Mantenha-se na dieta: escreva todo dia.
3. O fato de eu não saber significa... nada!
4. Sobre a dor: guarde a avaliação por cotejamento para a sua própria, não simplesmente para si.
5. Não fazer nada impacta todo mundo.
6. Quando marcar um encontro consigo mesmo ou consigo mesma, não falte.
7. Não há nada mais certo do que a morte e nada mais incerto que a sua hora (Jean Froissart, Livro III das Crônicas).
8. Não é um advérbio que significa recusar, que por sua vez significa o oposto de aceitar.
9. Sobre o conselho: da obrigação medieval ao desprezo, quando nos tornamos tão arrogantes a ponto de recusá-lo?

10.        Os sobreviventes desbotados da gaveta da geladeira são perfeitos para um suflê!


terça-feira, 1 de setembro de 2015

Resumo, esse texto injustiçado! – crônica da vida acadêmica

Estou há dias pensando que, muitas vezes, leio resumos ruins de teses e dissertações excelentes! Hoje, refleti com dois alunos a respeito desse problema. Por que isso acontece? Levando-se em conta que, no Banco de Teses da CAPES (http://bancodeteses.capes.gov.br/), é o resumo que “vende” a nossa pesquisa, é muito grave que haja tal dessintonia.
A primeira possibilidade que me ocorre para responder à questão é que algumas pessoas podem simplesmente não saber o que é preciso garantir em um resumo. Tenho certeza de que, se é este o caso, ficarão surpresas com tanta simplicidade! Há muitos guias para escrever resumos, não despreze a sua consulta. Porém, para ajudar, de forma muito objetiva, um resumo de pesquisa na área de História deve conter: 1) uma contextualização mínima do objeto alicerçada na sua temporalidade; 2) o objetivo ou os objetivos da pesquisa (que inclui a resposta a uma questão); 3) justificativa; 4) métodos utilizados e 5) resultados. Vale a pena seguir essa ordem e não se esqueça de que a pesquisa acabou, portanto os verbos não podem estar flexionados no futuro! Alguém pode dizer que isso não cabe em um texto tão pequeno. Cabe sim. O que me leva à outra possibilidade.
A escrita do resumo é feita ao final da dissertação ou da tese. Ora, como sintetizar a pesquisa e aludir a seus resultados antes de colocar-lhe um ponto final? Ok, mas... colocar um ponto final não é tarefa fácil. Um misto de felicidade, autocrítica e cansaço nos acomete, então é comum que o resumo seja escrito a toque de caixa. Nosso cansaço derrota a escrita e as preocupações com a banca cegam nosso zelo para esse “detalhe”.
Três coisas são necessárias para resolver o problema: 1) que o resumo mereça algum tempo de reflexão, só para ele. Que ele se beneficie daquele olhar orgulhoso, no melhor sentido, afinal um trabalho bem feito contenta a gente! Reserve um tempo só para a sua escrita, não o esprema com outras partes “necessárias”. Ele vai perder. 2) Siga o plano. O resumo tem uma estrutura, cuja essência apontei no 2º parágrafo e 3) escolha um amigo de sua área de pesquisa e outro que estuda outra coisa. Dê o resumo para eles lerem e LEVE EM CONSIDERAÇÃO suas opiniões.
 Eu aludi ao Banco de Teses da CAPES. Ele atrai nossos pares, mas também atrai muita gente que só tem um interesse tangencial no que fazemos. Todo mundo tem de ser contentado na leitura do resumo, esse verdadeiro cartão de visitas! Pense em quem vai ler você, aliás, sempre pense em quem vai ler e nunca se esqueça de que você também é um leitor!